sábado, 7 de setembro de 2013

A vida não para - Capítulo 1

                  O despertar de um novo começo



Recomeça... se puderes, sem angústia e sem pressa e os passos que deres, nesse caminho duro do futuro, dá-os em liberdade, enquanto não alcances não descanses, de nenhum fruto queiras só metade.
                                                                                                - Miguel Torga.








''Dia complicado, já faz mais de semanas que não vejo meus pais e a governanta aqui de casa está cansada demais para cuidar de mim e de minha irmã. Eu sei que é obrigação dos pais cuidarem dos filhos, mas não quando eles são empresários da moda. Minha mãe é uma das estilistas da Victoria's Secrets e meu pai um famoso descobridor de talentos para a passarela.

Já deu pra imaginar como eu e minha irmã sofremos não é?! A maioria diz que não é sofrimento ser rico e aquelas coisas de pessoas fúteis, mas uma coisa eu vou dizer: não a nada melhor do que ter a família por perto. Problemas resumem um pouco da minha historia, minha irmã sofre de bulimia e eu de uma doença chamada ''bipolaridade''. Enquanto ela vomita e eu me corto, está ai uma coisa estranha de se dizer, mas nós somos doentes e temos apenas uma a outra.

Minha mãe já me levou diversas vezes em psiquiatras que sempre fazem a mesma coisa: enchem-me de calmantes e remédios para loucos. Mas minha irmã sofre em segredo, ela quer ser a filha perfeita e não quer que nossos pais saibam do que ela faz, eu tento ajudar no máximo que posso incentivo ela a ser o que ela quiser e não seguir um caminho só para agradar os ''pais que nunca vejo''. Eu espero que um dia a gente consiga superar nossos problemas e enfrentar nossos demônios enquanto isso eu fico digitando no meu diário virtual.''





–...diário virtual. A garota falava sozinha digitando rapidamente em seu notebook que estava em uma mesa totalmente bagunçada, cheia de livros e balas de goma. Ela pouco se importava de ser um sábado a noite e estar em casa se entupindo de doce enquanto a maioria dos jovens estão transando e se drogando. Ela é Jennifer Marie Del'vouier ou simplesmente Jenny. Uma garota linda por natureza: longos cabelos negros que desciam como cascatas onduladas em suas costas, olhos de um castanho avermelhado, boca carnuda e um sorriso extremamente fascinante. Em sua esquerda um pouco mais a frente estava Samantha Katyn Del'vouier jogada em um sofá com as pernas para cima, Sam como era chamada por todos, estava trocando compulsivamente os canais da enorme televisão. Ela também era uma bela garota: cabelos negros até um pouco abaixo dos ombros, olhos profundos de um castanho escuro, sua boca era carnuda e de uma cor rosada natural. Apesar de serem gêmeas eram bem diferentes, Sam era mais alta e isso incomodava Jenny, que convivia com os apelidos ''tampinha'' e ''nanica''.


– Eu não sabia que ovelhas podiam reconhecer uns aos outros através de fotos. Sam disse fazendo uma careta engraçada enquanto Jenny fechava seu notebook e caminhava em direção a irmã.


– Fala serio Sammy, canal animal? Isso rima e é ridículo. Disse Jenny tomando o controle das mãos da irmã que nem se deu o trabalho de reclamar por tamanha preguiça que estava sentindo.


Elas ficaram alguns minutos em silencio olhando para a tv onde havia macacos se reproduzindo enquanto faziam alguns barulhos estranhos.






– Até macacos se divertindo e nós aqui assistindo pornô animal. Falou Jenny depois do ataque de risos de ambas.


– Amanhã começam nossas aulas aqui. Disse Sam ficando seria e um pouco relutante, afinal morar em Londres era incrível, mas frequentar uma escola lotada de gente desconhecido era definitivamente assustador.


– Eu tinha me esquecido, a mãe e o pai disseram que nós mudaríamos para cá e eles estariam mais presentes em nossas vidas... Falou Jenny triste olhando para baixo ...no entanto em um dos dias mais difíceis eles estão curtindo em Paris. Sam ficou encarando a irmã, pois sabia da bipolaridade e não queria deixar ela triste.


– Curtindo como os macacos... Sam sussurrou como se fosse um segredo, as duas riram bastante e logo começaram uma guerra de almofadas. Não durou muito pois Meredith ''a governanta do mal'' segundo a Sam, chegou e pôs fim na bagunça.


As duas subiram para o quarto, dormiam no mesmo quarto, nenhuma queria dar o braço a torcer, mas o simples fato de estarem separadas que fosse se quer por alguns momentos já deixava ambas assustadas. Elas se sentaram nos grandes pufes espalhados pelo quarto com seus violões em mãos. Tocaram belas canções que compuseram quando tinham 12 anos, já se passava das 01h00min da madrugada, resolveram ir dormir, pois suas aulas começariam as 09h30min.

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